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24 de Abril de 2024

Desenvolvimento para o Brasil

Problemática posta, soluções e comparações apresentadas, metas a serem alcançadas pelos próximos governantes

Publicado por Hélber Freitas
há 10 anos

1. Crescimento

“Para dobrar o rendimento per capita dos brasileiros até 2030, a economia precisará fluir com menos obstáculos. Nas duas últimas décadas, o avanço médio anual foi de 2%. Atingir a meta exigirá um ritmo superior a 4% ao ano. O primeiro passo será criar um ambiente econômico estável, com inflação baixa e previsível, além das contas públicas equilibradas e transparentes. Sem isso, o país deixará de atrair os investimentos necessários para expandir a capacidade produtiva e eliminar as restrições na infraestrutura. O total investido anualmente pelo Brasil na construção civil, nas obras de logística e na ampliação de fábricas é da ordem de 18% do PIB, enquanto a China investe mais de 40% e o Chile, 23%.. Sem ampliar os gastos na área, seria impossível sustentar um avanço na economia superior a 4% ao ano, porque, quando a capacidade produtiva e logística não evolui, surgem gargalos de todo o tipo. É o que os brasileiros sentem diariamente transitam por estradas ruins, passam sufoco com o transporte público e com o trânsito das metrópoles, ou na dificuldade enfrentada pelas empresas para fazer circular suas mercadorias

A produtividade é diretamente associada à qualidade da infraestrutura, e sem o avanço da produtividade, não existe crescimento sustentável’, afirma o consultor Cláudio Frischtak. Houve um aumento no total investido em obras nos últimos anos, mas, de acordo com Frischtak, ocorreu também um aumento expressivo no custo de projetos, e os atrasos são crescentes. Como resultado, o país pouco fez nos últimos anos para diminuir o atraso. De acordo com Helcio Tokeshi, ex-diretor da Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP) e atualmente na GP Investimentos, os investimentos em infraestrutura só vão deslanchar se houver a colaboração entre o governo e o setor privado. ‘Existe capital disponível para financiar bons projetos’, diz Tokeshi. ‘Mas é preciso que haja planejamento e produtividade’.

Controlar o avanço nos gastos públicos é outro ponto essencial, porque, do contrário, será mais difícil sobrar espaço no Orçamento para os investimentos. Sem o controle nas despesas do governo, a dívida pública voltará a subir e haverá mais pressão sobre a inflação, dois fatores que empurram os juros para cima e, consequentemente, reduzem a capacidade de crescimento do produto interno bruto a longo prazo. Outras reformas indispensáveis para acelerar o avanço na economia são a simplificação tributária e a redução dos custos trabalhistas. Por fim, o Brasil deverá aprofundar a sua integração à economia internacional e aprimorar o ambiente para fazer negócios, por meio da redução da burocracia e dos custos de negociação. Do contrário, os investimentos no Brasil continuarão sendo, primordialmente, orientados a explorar os benefícios de um mercado consumidor interno protegido da competição externa. Em um cenário assim, inexistem incentivos para o aumento da competitividade. Diz Heinz-Peter Elstrodt, diretor da McKinsey: ‘Sem a correção dessas distorções, o crescimento sustentável da economia brasileira não ocorrerá, pois basta para isso baixar os juros’.

2. Educação

Foi feito o relativamente mais fácil. Construíram-se escolas e ampliaram-se as vagas, e quase a totalidade das crianças brasileiras frequenta o ensino fundamental. O problema é que elas não estão aprendendo. Entre as dez maiores economias do mundo, o Brasil é o único país que está entre os piores nas avaliações internacionais da qualidade de educação básica. Ao fim do ensino médio, apenas um em cada dez estudantes tem nível adequado de matemática. Um terço dos trabalhadores é analfabeto funcional ou simplesmente não sabe ler nem escrever. Um país assim está condenado a ser, na média, pouco produtivo. Sempre haverá as chamadas ilhas de excelência, mas, no geral, a mão de obra será incapaz de desenvolver e produzir mercadorias e serviços avançados.

A meta para acelerar o desenvolvimento brasileiro é colocar o sistema de ensino entre os trinta melhores do mundo. Um fato interessante, revelado pelas entrevistas com os brasileiros, foi que a maior parte da população avalia a qualidade da educação como superior ao que ela realmente é, possivelmente porque seus filhos têm oportunidades que eles não conheceram. O aprimoramento do ensino, de acordo com os consultores, dependerá também de um maior engajamento do país na cobrança por resultados melhores.

A educação deveria centrar mais recursos na preparação de jovens para o mercado de trabalho. Atualmente, menos de um quinto dos trabalhadores tem curso superior ou técnico. A meta é elevar o porcentual para 60% até 2030.

3. Saúde

O Brasil obteve uma melhora constante nos indicadores de saúde nas duas últimas décadas. A mortalidade infantil, por exemplo, foi reduzida em 70%. Trata-se de efeito positivo dos investimentos no atendimento básico e também em saneamento. A análise mais detalhada dos indicadores, contudo, revela uma discrepância acentuada entre regiões. A expectativa de vida ao nascer no Sul supera 75 anos, enquanto no Nordeste é de 71 anos, não muito melhor do que na Bolívia ou na Coreia do Norte. Uma das razões para tamanha divergência é a presença mais acentuada de doenças infectocontagiosas no Norte e no Nordeste, em decorrência da falta de saneamento básico. O Brasil, de acordo com os especialistas, enfrenta assim uma tripla carga sobre o seu sistema de saúde. Em primeiro lugar, precisa lidar com males típicos de países pobres. Outra demanda são as ocorrências resultantes da violência, seja pela criminalidade, seja pelos acidentes de trânsito. Finalmente, cresce a necessidade de ampliar o tratamento de doenças crônicas e decorrentes do envelhecimento, típicas de nações ricas.

Para alcançar a meta de ter o melhor sistema de saúde da América Latina, será necessário aumentar os investimentos do setor público, sobretudo em saneamento e em atendimento básico, além de garantir a eficácia da aplicação do dinheiro disponível.

4. Segurança

A cada nove pessoas assassinadas em todo o mundo, uma é no Brasil. Ponderando-se os homicídios pelo tamanho da população, as taxas são inferiores apenas às de países como a Venezuela e Colômbia, onde são notórias as ações dos narcotraficantes. A meta para o Brasil chegar a um nível tolerante é reduzir um terço o número de assassinatos. Para ampliar a percepção geral de segurança da população, outro objetivo a ser alcançado é reduzir o número de roubos e outros delitos. Por razões evidentes, a violência reduz o bem-estar. Existe também o efeito na produtividade do país, como resultado, por exemplo, do alto custo exigido pela contratação de segurança privada. O roubo de cargas é um dos fatores que oneram o transporte de mercadorias no Brasil.

Alguns estados investiram na melhoria das polícias e aprimoraram o sistema prisional, obtendo resultados auspiciosos. Em São Paulo, na última década, a taxa de homicídios caiu 64%, e no Rio de Janeiro, 38%. No Rio Grande do Norte e na Bahia, em contrapartida, os números triplicaram. Reverter a situação requer investimentos no preparo da polícia e também em tecnologia. A resolução dos crimes oscila entre 5% e 10% no país, enquanto nos Estados Unidos e na Inglaterra os esclarecimentos e a detenção dos autores chegam a 60% dos casos. No Brasil, são elevadíssimos também os índices de reincidência – cerca de 80% dos ex-presidiários voltam ao crime. A médio prazo, é fundamental dar atenção especial ás crianças e aos jovens moradores das regiões violentas.

5. Governo

Para o Brasil ser um país melhor, muitas das ações precisam partir do governo federal. Em vez de ser parte do problema, a administração pública deveria ser parte da solução. As iniciativas do próprio governo, entretanto, para aumentar sua eficiência têm sido tímidas. O caminho preferido é ampliar gastos, no lugar de gerir as finanças de maneira pouco mais parecida com a de uma empresa privada, com a preocupação de controlar custos e incentivar os funcionários com planos de carreira baseados no mérito. Sem reformar que contenham o aumento das despesas públicas, os brasileiros serão cobrados a pagar uma fatura a cada ano mais elevada para receber, em contrapartida, serviços inferiores aos de países mais avançados.

Com o avanço nesses cinco pilares, em um ambiente de sustentabilidade, com o equilíbrio dos fatores sociais, ambientais e econômicos, o Brasil poderá reduzir a distância que o separa dos países mais desenvolvidos. Será possível também fazer com o que a maioria dos brasileiros viva com uma renda tida como digna e possua oportunidades para prosperar pelo esforço próprio.

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*Realçou-se, no bojo de todo o texto noticiado, em negrito e itálico, toda a problemática informada, e sublinhou-se as soluções hipotéticas e despretensiosas com a denominação “metas”, não obstante o repassador da notícia publicada pela revista VEJA conservou integral e fielmente a correspondência autoria e texto, e tais destaques gráficos assim delineou, com o mero escopo de ressaltar o brilhantismo de um texto que não se cingiu tão só aos problemas postos, muito pelo contrário, aduziu soluções, mesmo que não aprofundadas e pretensiosas, com lucidez de raciocínio indizível, esclarecedora e densamente informativa.

Vale ainda destacar, que as informações encontradiças nas páginas da notícia repassada, em infográficos com informações altamente relevantes e interessantes estatísticas não foram aqui repassadas propositadamente pelos seguintes motivos: atrair o leitor interessado para a matéria publicada originalmente na Revista Veja (“vide” fonte abaixo informada); e, não imprimir nem mesmo remotamente ideário de cunho e finalidade eleitoreiros, mas estimulador e inspirador de novos pensamentos a serem trazidos para sadias discussões de ideias com um único propósito: compartilhar pensamentos isentos e socialmente produtivos, em constante busca do melhor para toda a coletividade em geral.

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Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2396, ano 47 – n.º 43, 22 de outubro de 2014, páginas 60 a 64.

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